Em geral, temos muito o que aprender com quem já viveu o que estamos vivendo. Seus avós sempre têm um conselho sobre a vida pra oferecer. Seus pais, nem se fala! Muitas vezes, parecem a previsão do tempo – só que funcionando de verdade.
Mantendo o mesmo raciocínio, o que será que temos a aprender com as mídias e formas de vendas passadas? Estamos mesmo no tempo de largar todas as antigas técnicas e investir somente no digital? Todo o aprendizado, os anos de desenvolvimento e as pessoas e mais pessoas testadas não têm nada a dizer? Acredito que sim.
Vai dizer que a sua mãe não tem uma “tupperware”? A minha tem uma coleção! A marca é vendida até hoje pelo voto confiável de “uma amiga que vende”. O pagamento é facilitado, e o discurso é de quem já experimentou e não abre mão. Qualquer semelhança com os influenciadores não é tanta coincidência assim. Trocamos um pouco o lado comercial pelo “discurso lifestyle” – o discurso de venda vem embutido num dia a dia cheio de atividades reais. Mas, aprendemos com a revendedora antigamente que a credibilidade vem de uma identificação de alguém que já testou, alguém que você confia, que experimenta por você.
Outro ponto que vem de tempos primórdios é: o horário da novela das 8 (hoje, 21h). Uma das faixas mais caras da TV. Isso por uma simples palavrinha: audiência. E, ora vejam só, qual é um dos horários de maior audiência do instagram? Isso mesmo: por volta das 21h. Aquela hora em que o trabalhador brasileiro voltou do trabalho, arrumou tudo em casa, jantou, malhou, passeou com o cachorro e, aí, sentou pra descansar. A diferença é que antes era na TV, agora é na smartv ou no smartphone. O horário nobre ainda é de noite (até abriu uma brechinha meio dia), mas a tela é outra.
Até hoje as TVs e rádios disputam por grandes números que fortalecem suas vendas. E o ensinamento vale também pro digital: porque postar quando tenho menos público online? Em tempos de compra de likes, o engajamento é sua melhor alternativa. E nada melhor do que muita gente online para facilitar esse bate-papo.
Outra tradição que iniciou em 1941 no Brasil foi o entretenimento via rádio. Nesta época, o que ganhava picos de audiência era a novela “Em Busca da Felicidade”. Hoje, temos uma vastidão de podcasts para escolher – e há quem nunca ouviu um podcast em pleno 2019 (alô pra você que se identificou). Dos informativos aos engraçados, o podcast entretêm os que estão ocupados fazendo alguma coisa, dirigindo pra casa ou mesmo querendo fechar os olhos e ouvir alguma coisa. O podcast pode até ser novidade no Brasil, mas o aprendizado é antigo.
O fato é que os hábitos enraizados nas culturas permanecem por longos anos. E precisa de muito movimento para mudar. A gente sempre usa o exemplo “antigamente, na calçada, a rodinha de conversa era o grupo de whatsapp”. A gente não fica mais na calçada, mas todo dia a gente atualiza os assuntos nos grupos, nos DMs, nos posts do feed. Não há como negar que o online veio revolucionar nossa forma de se comunicar, de vender e de fazer negócio. Mas se soubermos usar o conhecimento dos nossos antepassados nesta nova plataforma, vamos ter resultados ainda melhores.